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Citologia oncótica: as células sob observação

11-02-20 | Habilitações, Notícias

Olhos atentos no microscópio. Sob as lentes do equipamento, uma amostra de células humanas precisa ser cuidadosamente analisada. Qualquer alteração pode ser um indicativo de um grave problema de saúde.

O biomédico habilitado em citologia oncótica lida diariamente com esta situação. Ele examina microscopicamente as células de diversas partes do corpo humano para detectar possíveis lesões tumorais. Rastrear atipias, tanto na estrutura como na multiplicação das células, é fundamental para a prevenção e o diagnóstico de doenças, principalmente do câncer.

A atividade primordial do biomédico citologista oncótico é analisar o material celular humano, seja de fluídos corporais ou obtido por punção, raspagem, aspiração ou escovação. Ao profissional também são permitidas a coleta e a análise de material cérvico-vaginal, utilizado para a prevenção e o diagnóstico do câncer de colo de útero. O biomédico pode ainda emitir e assinar laudos, além de assumir responsabilidade técnica.

Quem quiser seguir a citologia oncótica terá bastante contato com disciplinas como biologia celular, histologia e diagnóstico molecular.

A professora de citologia do curso de Biomedicina da Faculdade Especializada na Área da Saúde do Rio Grande do Sul (FASURGS), Denise Wohlmeister, detalha para o CRBM-5 as possibilidades de atuação do biomédico com a habilitação de citologia oncótica. Ela, que também é delegada da Associação Brasileira de Biomedicina e Citopatologia Diagnóstica (ABBCD), conta ainda um pouco da sua experiência na área.

–  Quais são as possibilidades de atuação para o biomédico habilitado em citologia oncótica?

Denise Wohlmeister – As principais funções desempenhadas pelos biomédicos citologistas são: realizar a coleta de material cérvico vaginal, leitura e interpretação da respectiva lâmina; realizar a leitura de citologia de raspados e aspirados de lesões e cavidades corpóreas, através da metodologia de Papanicolaou; atuar no setor de imunohistoquímica e imunocitoquímica, referente ao diagnóstico citológico; assumir responsabilidade técnica, firmando os respectivos laudos.

A principal atuação do biomédico citologista é a citologia cérvico-vaginal, área de suma importância para a saúde pública, já que o câncer de colo de útero ainda é muito frequente na população feminina. Este tipo de câncer é um dos poucos tipos de neoplasia que podem ser prevenidos, por apresentar como principal agente etiológico o papiloma vírus humano – HPV, o qual provoca alterações celulares que são detectadas no exame citopatológico preventivo.

–  Quem escolhe a citologia oncótica pode também se dedicar à pesquisa?

DW – Com certeza, as linhas de pesquisa são desenvolvidas principalmente em conjunto com outras técnicas adjuntas à citologia, como biologia molecular e imunocitoquímica. Essas visam sobretudo a identificação de diferentes patógenos causadores de infecções sexualmente transmissíveis e proteínas que possam contribuir para complementar o diagnóstico citológico, na prevenção e tratamento adequado para diferentes tipos de carcinomas.

– Como está o mercado para os biomédicos nesta área?

DW – É um ótimo segmento e um mercado bastante promissor. Sempre comento com meus alunos que a citologia é uma das poucas áreas em que ainda somos indispensáveis, pois, por mais que desenvolvam novas tecnologias, o conhecimento do citologista é imprescindível para a qualidade do diagnóstico final. Um profissional dedicado, que saiba aliar a teoria com a prática da citologia, com certeza terá destaque no mercado de trabalho.

– Quais características e habilidades o profissional deve ter para trabalhar nesta área?

DW – Para um biomédico atuar na área da citologia deve, em primeiro lugar, se identificar com as disciplinas de anatomia, histologia e gostar de trabalhar com microscopia. Deve ser organizado, proativo, e ter capacidade de concentração, assumindo a responsabilidade da liberação dos laudos, sempre comprometido com os padrões de qualidade. Além disso, é importante a educação continuada, com constante busca por atualizações e aprimoramento profissional. A comunicação, o contato e o bom relacionamento com colegas da área e equipes multiprofissionais contribuem na promoção do diagnóstico precoce para melhoria da qualidade de vida dos pacientes.

– Por que a escolha por esta habilitação? O que acha de mais interessante na citologia oncótica?

DW – Sou uma Biomédica citologista apaixonada. Logo no início da graduação consegui meu primeiro estágio, que foi na área de citologia. Acredito que foi amor à primeira vista. A partir daí, segui os estudos, sempre participando de eventos, palestras e congressos na área. Depois de formada, cursei a especialização em Citopatologia Diagnóstica e mestrado na área, onde realizei alguns estudos com amostras de pacientes relacionando o exame citopatológico com testes moleculares e imunocitoquímica. Atualmente tenho um laboratório de citopatologia em um município do interior do estado do Rio Grande de Sul, onde realizamos os exames citopatológicos preventivos da região, tanto para a rede pública, quando para a rede privada.

O que torna a citologia uma área interessante é o fato de poder correlacionar os achados citológicos com o histórico individual de cada paciente, bem como, saber que estamos contribuindo para a melhoria da saúde da população, buscando sempre a identificação de possíveis alterações que se não forem diagnosticadas precocemente poderão evoluir para o câncer.

 

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Imprensa CRBM-5

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