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Biologia Molecular: a ciência que desvenda o novo coronavirus

26-03-20 | Destaque, Habilitações, Notícias

Pode parecer estranho, mas a biologia molecular está na boca do povo – e é a pandemia do novo coronavirus a responsável por colocar o assunto em voga. Cada notícia sobre testes de diagnóstico e sequenciamento do DNA do vírus no Brasil está, no fundo, falando sobre biologia molecular.

É que uma das faces da biologia molecular é justamente essa: estudar o material genético de organismos. No caso do SARS-CoV-2, a identificação dos genes permitiu o seu diagnóstico, diferenciando-o dos demais vírus da família.

Além de decifrar o material genético, a biologia molecular dedica-se também a estudar os mecanismos de replicação genética e a relação do DNA e do RNA com os ribossomos na chamada síntese proteica (produção de proteínas) dentro das células.

As técnicas utilizadas pela biologia molecular permitem, entre outras ações, obter cópias de segmentos de DNA, comparar sequências de DNA entre amostras e detectar proteínas. Por analisar as mutações genéticas, a biologia molecular, inclusive, tem sido cada vez mais utilizada para o diagnóstico e acompanhamento de doenças.

Quem opta pela habilitação em biologia molecular terá contato direto com matérias como citologia, química, microbiologia, genética e bioquímica.

Desde a graduação, a biomédica e professora da Univates, Gabriela Kniphoff da Silva Lawisch, dedica-se à biologia molecular. Ela nos dá mais detalhes sobre o campo de estudo e de aplicações desta habilitação, e avalia o mercado de trabalho para os profissionais da área.

– Quais são as possibilidades de atuação para o biomédico habilitado em biologia molecular? Pode-se atuar com pesquisas também?

Gabriela Lawisch – O biomédico habilitado nessa área trabalha com as técnicas de análise de DNA, como reação em cadeia da polimerase, eletroforese, sequenciamento de DNA, entre outras. Dessa forma, pode-se atuar em laboratórios de diagnóstico, pois atualmente já são realizados exames para doenças infecciosas, como HIV, H1N1, Zika Vírus, Dengue, coronavírus (COVID-19), as causadas por bactérias e fungos, além do diagnóstico de doenças genéticas. Na perícia, pode-se trabalhar com a identificação dos DNA das amostras de suspeitos, por exemplo. As técnicas de biologia molecular também são utilizadas em laboratórios que realizam exames de paternidade, testes de histocompatibilidade, triagem neonatal e aconselhamento genético.

E sim, dentro da pesquisa a possibilidade de atuação é ainda maior, pois os biomédicos podem atuar na busca padronização de novas metodologias de diagnóstico, busca por novas opções terapêuticas, diversos estudos relacionados ao câncer… A quantidade de linhas de pesquisa nessa área é enorme, pois a biologia molecular é uma ferramenta que pode ser utilizada em diferentes áreas.

– Como está o mercado para os biomédicos nesta área?

GL – É um mercado em constante crescimento, pois as técnicas de biologia molecular têm se mostrado mais sensíveis, específicas e rápidas do que outras metodologias de diagnóstico, e têm sido incluídas como ferramentas de diagnóstico de diferentes áreas.

– Quais características e habilidades o profissional deve ter para trabalhar nesta área?

GL – É uma área que exige muito foco, cuidado e atenção, pois se trabalha com muitos reagentes, em quantidades muito pequenas, e as técnicas são muito sensíveis. O biomédico deve ter habilidade para as práticas laboratoriais, além de ética, organização e constante atualização.

– Quais contribuições a biologia molecular pode dar à saúde?

GL – As contribuições são imensas, principalmente no diagnóstico e na pesquisa. Um exemplo recente foi o sequenciamento dos casos de coronavírus (COVID-19) diagnosticados no Brasil. A partir do trabalho dos pesquisadores, incluindo uma biomédica, foi possível, após 48 horas, obter-se o genoma dos vírus dos dois pacientes infectados e perceber que os genomas são diferentes entre si. Isso permitiu que se rastreasse a origem das infecções e orientasse as ações de contenção e de prevenção.

– O que lhe atraiu para estudar biologia molecular? O que mais lhe agrada na área?

GL – Eu sou encantada com a biologia molecular desde o colégio e esse foi um dos motivos de ter escolhido a Biomedicina. Durante a graduação, realizei cursos e palestras que me permitiram conhecer mais e gostar cada vez mais. Isso me levou a realizar estágios, TCC, mestrado e doutorado (em andamento) nessa área. Atualmente ministro disciplinas relacionadas ao tema na instituição onde trabalho (Univates). O que mais me apaixona nessa área é a evolução que as técnicas e os conhecimentos em biologia molecular proporcionam, mudando muito rápido o que se sabe. Todos os dias tem algo novo para aprender!

 

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Imprensa CRBM-5

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