O novembro azul não serve de alerta somente para o cuidado com a saúde masculina. A cor e o mês também são utilizados para chamar a atenção para um mal que atinge tanto homens quanto mulheres: o diabetes. Em 14 de novembro, celebra-se o Dia Mundial do Diabetes, doença que atinge mais de 450 milhões de pessoas no mundo, segundo a Federação Internacional de Diabetes (IDF, 2019).
O diabetes caracteriza-se pelo aumento dos níveis de glicose no sangue, a hiperglicemia. Se não controlado, pode causar problemas renais, cardiovasculares, cegueira e até amputações. É, também, um fator de risco para o agravamento da Covid-19. Considerada uma doença crônica e silenciosa, pode não apresentar sintomas fáceis de serem identificados. No Brasil, estima-se que cerca de 16,8 milhões de pessoas têm diabetes, mas metade delas desconhece possuir a doença (IDF).
Por isso, além de uma boa rotina alimentar e de exercício físicos, é importante fazer exames de sangue periodicamente para aferir os índices de glicose.
A biomédica Gabriela Cavagnolli, professora doutora em Ciências Médicas na área de Endocrinologia, explica quais os testes que podem ser realizados para identificar e controlar o diabetes.
PARA IDENTIFICAR O DIABETES
– Glicemia de jejum (GJ): este exame é realizado através de uma única coleta de sangue com 8 horas de jejum.
– Teste oral de tolerância à glicose (TOTG): este exame é realizado através de duas coletas. A primeira, com jejum de 8 horas. Em seguida, o paciente ingere um líquido de 75 gramas de glicose diluída em água e, após 2 horas, realiza outra coleta. Neste exame o paciente deve permanecer no laboratório.
– Hemoglobina glicada (HbA1c): este exame é realizado através de uma única coleta de sangue e não necessita de jejum. A vantagem deste exame é que o resultado representa os níveis de glicose dos últimos 3 a 4 meses e sofre menor variabilidade dia a dia.
Valores de referência para o diagnóstico de diabetes:
A confirmação do diagnóstico requer repetição dos exames alterados. Na ausência de sintomas inequívocos de hiperglicemia, idealmente deve-se fazer o mesmo exame alterado em segunda amostra de sangue.
Pacientes que apresentam os sintomas clássicos de hiperglicemia, tais como poliúria (necessidade de urinar muitas vezes durante o dia), polidipsia (sede excessiva), polifagia (comer em excesso) e emagrecimento, devem realizar o exame de glicemia ao acaso, sem necessidade de jejum, não havendo necessidade de confirmação por meio de segunda dosagem caso se verifique glicemia aleatória ≥ 200 mg/dL.
PARA CONTROLAR O DIABETES
Indivíduos que são diagnosticados com diabetes devem realizar um controle periódico, a fim de evitar o desenvolvimento das complicações crônicas.
– Hemoglobina glicada (HbA1c): exame padrão-ouro para o monitoramento do diabetes. No Brasil, valores <7% é considerado um bom controle glicêmico de acordo com as recomendações da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Este exame deve ser realizado a cada 3 a 4 meses em crianças e adolescentes, com no mínimo duas medidas anuais. Para adultos, com controles estáveis, sugerem-se duas medidas ao ano.
PARA AVALIAR COMPLICAÇÕES CRÔNICAS – DOENÇA RENAL DO DIABETES
O diabetes é a principal causa de doença renal crônica em pacientes que ingressam em programas de diálise. É muito importante realizar uma avaliação renal em indivíduos que recebem o diagnóstico de diabetes.
– Avaliação renal: O rastreamento deve ser feito logo após ao diagnóstico nos pacientes com diabetes tipo 2 e após 5 anos do início nos casos de diabetes tipo O rastreamento deve ser iniciado, preferencialmente, pela medida de albumina em amostra isolada de urina (primeira da manhã ou casual). A taxa de filtração glomerular também é realizada. Estes dois parâmetros, indicam qual nível de comprometimento renal o paciente se encontra.
Para saber mais:
Sociedade Brasileira de Diabetes
Federação Internacional de Diabetes