Segunda a sexta das 08h00 às 12h00 e das 13h00 às 17h00

Destaque

Biomédicas identificam variante P.1 em Porto Alegre

25-03-21 | Destaque, Notícias

No início do mês, a secretaria de Saúde de Porto Alegre informou que havia sido identificada, pela primeira vez na capital gaúcha, a presença da variante P.1 do coronavirus, detectada originalmente em Manaus (AM). A descoberta da nova cepa foi realizada por duas biomédicas e quatro farmacêuticas, que fazem para de equipe de pesquisadores do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) que estuda o genoma do SARS-CoV-2.

O grupo analisou 42 amostras positivas de Covid-19, de pessoas hospitalizadas em fevereiro, e identificou a variante em 25. Pelas investigações sobre as fontes de infecção, foi possível concluir que a P.1 já apresentava transmissão comunitária em Porto Alegre. Acredita-se que a nova linhagem possua uma maior carga viral e capacidade de transmissão.

O CRBM-5 conversou com as biomédicas envolvidas na pesquisa, Clévia Rosset e Francielle Liz Monteiro, sobre a identificação e o que ela pode representar no enfrentamento da Covid-19.

Ao centro, as biomédicas Francielle e Clévia; nas extremidades as farmacêuticas Fabiana Volpato (esq) e Priscila Wink (dir).

1- Como se identifica uma variante do SARS-CoV-2?

Clévia – É necessário realizar a coleta de swab de nasofaringe (a mesma realizada para o teste de PCR). A partir dos swabs é feita uma extração de alta quantidade de RNA viral, que será utilizado para o sequenciamento de nova geração. O processo de sequenciamento de nova geração envolve, entre outras etapas, a amplificação do genoma viral completo. Já para a análise, fazemos a montagem do genoma viral sequenciado para cada paciente.

2- Quais são as características da variante P.1?

Francielle – A variante P.1 possui um total de 17 mutações que levam a troca de aminoácidos, três deleções, quatro mutações sinônimas e uma inserção em comparação com a linhagem não P.1. Dentre essas, três mutações que levam a troca de aminoácidos possuem maior importância biológica, por estarem localizadas na proteína “spike” do vírus e possivelmente são associadas com maior transmissibilidade do vírus.

4- Qual a importância de se identificar a mutação do vírus? O que se pode deduzir através dela e como isso pode contribuir no enfrentamento da doença?

Clévia – Em fevereiro, um grande aumento no número de internações por Covid-19 foi observado em Porto Alegre, o que coincidiu com a detecção da variante P.1. Isso levanta a possibilidade da variante influenciar a transmissão dos casos. O histórico de viagem e os contatos pessoais dos casos que possuíam a P.1 também confirmam a possibilidade de transmissão comunitária da variante no Rio Grande do Sul, uma vez que não possuíam contato com pacientes de outras regiões do país.

Francielle – Esses levantamentos são muito importantes para o manejo de leitos em hospitais do estado, rastrear focos de transmissão da doença e para a conscientização da população sobre a importância dos cuidados para evitar a contaminação. Além disso, o sequenciamento de novos casos é importante para monitorar o surgimento de novas variantes e possíveis novos fenótipos do vírus, que podem estar potencialmente associados com maior transmissão, escape do sistema imunológico ou propensão a reinfecções em indivíduos.

Imprensa CRBM-5

Compartilhe nas Redes

Skip to content