Com apenas 60 mil habitantes, São Borja, no Rio Grande do Sul, não se destaca pelo tamanho da sua população. O que coloca a cidade no mapa gaúcho e brasileiro é, além da sua rica história, a localização. Na fronteira entre Brasil e Argentina, possui um papel estratégico na relação entre os dois países – inclusive na saúde.
Não por acaso São Borja abriga um dos Laboratórios de Fronteira, unidades do Sistema Nacional de Laboratórios de Saúde que têm função essencial na vigilância epidemiológica e sanitária nas regiões de divisa do Brasil com outros países.
E à frente do LAFRON de São Borja, está Lenara Friedrich, a primeira biomédica nomeada por concurso público no município. Sob responsabilidade do LAFRON está a coleta de material para investigação de possíveis surtos de doenças na região. “Também colaboramos no cumprimento dos Acordos Internacionais, nas áreas de prevenção e controle de doenças, produtos e serviços”, conta Lenara, que trabalha no laboratório desde 2015. Outra função da equipe de sete funcionários coordenada por Lenara é a de auxiliar o Laboratório Central do Rio Grande do Sul (LACEN-RS).
Além dos exames básicos de análises clínicas, o LAFRON realiza aqueles de identificação de Infecções Sexualmente Transmissíveis, quantificação de carga viral para HIV e HCV e contagem de linfócitos TCD4+. Além de São Borja, municípios vizinhos são atendidos com exames de HIV. “Somos também referência local para baciloscopia de tuberculose e hanseníase, e testagem para leishmaniose visceral”, destaca a biomédica.
Como servidora pública, Lenara acredita que o biomédico é capaz de colaborar com toda rede pública de saúde, como no monitoramento, na pesquisa, gestão, educação, orientação e na implementação de estratégias. No entanto, ela destaca que a principal contribuição do biomédico à saúde pública, como um todo, é nos laboratórios públicos. “Lá é possível buscar a solução de muitos problemas de saúde apresentados nas comunidades, sendo um órgão auxiliar essencial dos programas de Vigilância em Saúde, na prevenção e controle de agravos”, comenta.