Diante da suspeita de pessoas infectadas pelo novo coronavirus no Brasil (nove casos, até o dia de hoje), o Ministério da Saúde classificou como perigo iminente a entrada do vírus no país.
Por isso, o CRBM-5 reitera aos biomédicos a importância dos procedimentos de biossegurança nas atividades de saúde. Apesar de não estar totalmente esclarecido o modo de transmissão do vírus, os profissionais da saúde devem utilizar as medidas de precaução padrão de contato e de gotículas, que incluem o uso de máscara cirúrgica, avental não-estéril e óculos de proteção.
Outras medidas básicas de prevenção estão sendo recomendadas a toda população:
– evitar contato próximo com pessoas que sofrem de infecções respiratórias agudas;
– realizar lavagem frequente das mãos, principalmente após tossir ou espirrar
– cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir;
– evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca;
– não compartilhar objetos de uso pessoal
– manter os ambientes bem ventilados;
– evitar contato próximo a pessoas que apresentem sinais ou sintomas da doença;
– evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações.
Os coronavirus são uma grande família viral que pode causar tanto resfriados como síndromes respiratórias graves. O mais recente registro do vírus é uma variante que ainda não havia sido identificada, denominada 2019-nCoV. “Vírus respiratórios, como o coronavirus, podem sofrer mutações genéticas que transformam um vírus conhecido em desconhecido para nosso sistema imune. Além disso, pode alterar o local de ligação do vírus com nossas células. Tipicamente, eles reconhecem apenas as células do trato respiratório superior, causando o resfriado. Mas podem passar a reconhecer células pulmonares e causar também pneumonia, como agora, que é mais grave”, explica Vlademir Cantarelli, PhD em microbiologia e conselheiro do CRBM-5.
O novo tipo do coronavirus foi identificado na China, onde já contaminou mais de 8 mil pessoas e causou a morte de 170 até a última quinta-feira. A letalidade do vírus é considerada baixa. “A princípio, o maior risco é para pessoas com alguma doença de base: idosos, cardíacos, asmáticos, pessoas transplantadas e com baixa imunidade”, acrescenta Cantarelli. “Indivíduos saudáveis, fora dos grupos de risco, têm menos chances de complicações graves”.
Ocorrências da infecção foram confirmadas também em outros 18 países, incluindo Alemanha, França e Estados Unidos. Segundo Cantarelli, o grande obstáculo no controle da disseminação do coronavirus – e dos virus respiratórios em geral – é que a transmissão pode ser feita por pessoas que não apresentam sintomas. “A transferência destes vírus para outros países é inevitável. Podemos detectar pessoas doentes nas fronteiras, mas não as assintomáticas”, complementa. Além disso, acredita-se que o tempo de incubação do vírus é de duas semanas.
Cantarelli, que é também consultor internacional da Sociedade Americana de Microbiologia, afirma que há risco de uma epidemia global, mas que ainda é cedo prever a extensão do problema. “O controle dependerá da capacidade de expansão do próprio vírus e da eficácia das medidas de quarentena”, conclui. Não há tratamento específico para o novo coronavirus e vacinas estão em fase de desenvolvimento.
No Brasil, o Ministério da Saúde reforçou o alerta para a prevenção e o monitoramento da rede pública para o atendimento de possíveis casos. Os profissionais de saúde estão orientados a estar atentos às pessoas que apresentarem sintomas semelhantes à gripe (febre, tosse e dificuldade para respirar) e que estiveram na China nos últimos 14 dias.
Em caso de suspeita, os profissionais devem solicitar a realização do exame para diagnóstico, que é feito pela coleta de materiais respiratórios com potencial de aerossolização (intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro). Para este procedimento, o Ministério da Saúde orienta a utilização de aerossóis, com uso de máscara N95.
Mais informações nesta página do Ministério da Saúde e no Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde