Os biomédicos estão à frente de uma das principais etapas no combate à pandemia do novo coronavirus: os testes de diagnóstico. Eles são fundamentais para compreender e controlar o ciclo de transmissão do SARS-COV-2, que se caracteriza por um alto nível de contaminação. Segundo o Vlademir Cantarelli, PhD em microbiologia e consultor da American Society for Microbiology (ASM), são dois tipos de testes laboratoriais disponíveis no Brasil, realizados em fases diferentes da infecção. Confira.
RT-PCR
O RT-PCR é realizado nos primeiros setes dias dos sintomas da Covid-19. São coletadas amostras do trato respiratório, como swabs nasais e de ofaringe, escarro e lavado broncoalveolar. Com técnicas de biologia molecular, o material genético é separado e ampliado, o que permite a busca pela presença de genes do SARS-COV-2. “Após os sete dias, a carga viral tende a diminuir e o material genético do vírus pode não ser mais detectado”, explica Cantarelli, conselheiro do CRBM-5.
“Por serem mais caros e demandarem mais tecnologia, os testes de RT-PCR estão sendo utilizados preferencialmente em pacientes graves, hospitalizados ou com critérios clinicos/radiológicos de internação, para definir um possível isolamento do paciente. Também é utilizado para determinar a presença da infecção em profissionais da saúde e assim dar suporte a um possível afastamento de suas funções”, complementa Cantarelli. O RT-PCR tem alto grau de precisão, porém, devido a grande demanda atual, os resultados têm demorado cerca de uma semana.
Teste rápido – Teste imunológico
O teste de detecção de anticorpos é recomendado para ser realizado em pacientes que apresentam os sintomas da infecção a mais de setes dias. São feitos a partir de secreções nasais ou da garganta e também do sangue. Este teste mede a quantidade de dois anticorpos (IgG e IgM), que o organismo produz quando entra em contato com um vírus.
Apesar da agilidade no resultado (o diagnóstico pode vir em minutos), o teste imunológico não é 100% confiável. Para o resultado ser positivo para a Covid-19, os dois anticorpos precisam ser detectados em uma quantidade mínima. Porém, o IgM e o IgG aparecem em momentos distintos do ciclo da infecção – o primeiro, no pico; o segundo, ao final. Assim, pode ocorrer que, no momento do exame, apenas um seja detectado. “Neste teste, resultados positivos são confiáveis, porém resultados negativos não afastam definitivamente a possibilidade da infecção”, ressalta Cantarelli.
Atualmente, o Ministério da Saúde recomenda fazer os testes apenas em casos graves de pessoas com suspeita de coronavirus e em profissionais de saúde e segurança com sintomas respiratórios.