O biomédico David Kvitko tornou-se um dos quatro brasileiros a obter o título de Embriologista Clínico, da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE). A conquista aconteceu em julho, após Kvitko passar por duas etapas de avaliação.
Para alcançar a certificação da ESHRE, considerada a mais importante no cenário internacional, é necessário que o profissional tenha um número mínimo de procedimentos realizados na área de reprodução humana (como ciclos de fertilização in vitro, congelamentos de óvulos e embriões). Além disso, é realizada uma prova que envolve conhecimentos de biologia celular, rotina de laboratório, genética, fisiologia entre outros temas, sendo necessário acertar 66% das questões.
Diretor do Laboratório de Reprodução Humana do Hospital Bruno Born, de Lajeado (RS), Kvitko comemorou o título: “É muito satisfatório ter este reconhecimento por parte da sociedade europeia, pois só um profissional apto, atualizado e com conhecimento avançado em embriologia clínica possui este certificado”. Segundo o biomédico, foi a oportunidade de ajudar casais a realizar o sonho de ter um filho que o motivou escolher esta área. Na clínica, ele e a equipe atendem pacientes não só da região, mas de outros estados – e até alguns internacionais, como de China e Canadá.
Em conversa com o CRBM-5, Kvitko compartilhou mais detalhes sobre a sua escolha pela embriologia e deu dicas aos estudantes de Biomedicina que pretendem seguir esta área.
1- Como você avalia o nível do Brasil na área de reprodução humana?
Está bem alinhada com o resto do mundo. Podemos oferecer o que há de melhor e mais moderno. Todos os meios usados, técnicas e equipamentos que possuímos no país são os mesmos dos grandes centros americanos e europeus (referências na área). Os profissionais, tanto embriologistas, como médicos e enfermeiros estão sempre em atualização em congressos nacionais, internacionais, cursos e participando ativamente da produção científica mundial.
2- Quais são os maiores desafios em trabalhar nesta área?
Acredito que o maior desafio seja estar atualizado e apto para executar todos os procedimentos. Cada vez vemos novidades chegando mais rápido, e temos que estar sempre prontos para oferecer o que há de mais moderno aos pacientes que nos procuram. Se compararmos como a reprodução humana avançou nos últimos 10 a 20 anos, percebemos o quão rápido realmente a área avança.
3- O que te fez seguir esta área? O que mais te atraiu?
Eu optei pela embriologia e reprodução humana após conhecer algumas histórias de casais que possuíam dificuldade para engravidar e, também, porque possuía um amigo que trabalhava na área. Assim fui me aproximando da rotina do laboratório de reprodução humana e fiz meu estágio em uma clínica. Durante meu tempo lá, tive certeza que era a área que desejava seguir. A possibilidade de conseguir ajudar a formar famílias, estando dentro de um laboratório, foi o que mais me atraiu.
4- Quais dicas você daria aos estudantes de Biomedicina que pretendem seguir este campo?
É uma área de muito trabalho e dedicação, possuindo uma rotina desafiadora e quase que de dedicação exclusiva, dependendo do tamanho da clínica e do volume de casos da mesma. Todos os estudantes que gostam de dia a dia dentro do laboratório, acredito que se identificariam com a área. Aos interessados, aconselho a já participar de congressos e cursos, além de procurar estágios nas clínicas para começar a se inserir na área.