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Da informática à biomedicina: o exemplo de determinação de Werner Keske

31-05-19 | Destaque, Notícias
Werner Keske se formou em Biomedicina aos 62 anos

Werner Keske se formou em Biomedicina aos 62 anos

Werner Keske não esconde o orgulho. Aos 62 anos, estampa sua página do Facebook com fotos da sua formatura no curso de Biomedicina, na Uniasselvi de Blumenau, em fevereiro deste ano. É o seu primeiro diploma de curso superior.

Mas quem pensa que apenas a idade diferencia Keske entre a turma de jovens formandos, está enganado. Este é só um detalhe da história de vida do empresário catarinense, fundador da WK Sistemas, desenvolvedora de softwares de gestão empresarial e referência em soluções de TI nas áreas contábil e fiscal.

Para entender o que levou um reconhecido empreendedor da área de informática às aulas de Biomedicina, é preciso retornar ao ano de 2012. Foi quando Keske descobriu, alertado por pessoas próximas, que algumas de suas “peculiaridades”, como a sensibilidade ao barulho e a rejeição ao contato físico, poderiam ser sintomas da Síndrome de Asperger, um dos transtornos do espectro do autismo. Curioso desde a infância, ele buscou, por conta própria, informações sobre a doença em livros, DVDs e congressos até receber o diagnóstico e começar um tratamento com o médico Rogerio Rodrigues Rita.

Mesmo com o acompanhamento profissional, Keske não abandou a leitura de artigos e livros sobre o autismo. “Queria ajudar meu médico, me entender com ele. Eu era o primeiro paciente adulto dele e que podia dar um feedback sobre o tratamento, já que a maioria dos autistas que ele tratava era crianças que não conseguiam se expressar”, explica. No caso de Keske, a colaboração do paciente é imprescindível, pois o tratamento que realiza é considerado alternativo. Ele se fundamenta na análise e no controle de determinadas substâncias presentes no organismo, como metais e hormônios, que possam servir de gatilhos para alguns dos sintomas autistas. Assim, o paciente recebe não só a prescrição de medicamentos tradicionais, como também de dietas, complementos vitamínicos e probióticos, entre outros tratamentos.

A Síndrome e o tratamento despertaram novamente o “espírito pesquisador” de Keske, como ele mesmo denomina a sua sede de conhecimento. Quando criança, fissurado por eletrônica, informática e astronomia, foi capaz de montar, sozinho, um rádio e um telescópio apenas com informações disponíveis em revistas e livros. Porém, o material médico que ele consultava nem sempre era dos mais acessíveis. “Perdia muito tempo procurando o que significavam os termos científicos que apareciam”, conta Keske. Por isso, quando uma aluna do estágio de programação da WK Sistemas contou que queria cursar Biomedicina, o empresário se interessou. Olhou a grade curricular, fez uma pré-aula e partiu, determinado, para a sua primeira faculdade. Curiosidade: ele e a estagiária, Stephanie, entraram juntos na Biomedicina: ela aos 17 anos; ele, aos 58.

Pesquisas e novos planos

Na graduação, Keske interessou-se especialmente pela parte de imunologia e microbiótica. “Aprendi algumas coisas que me ajudaram no tratamento, como compreender o metabolismo do ferro”, acrescenta. O trabalho de conclusão, é claro, não poderia ter sido sobre outro tema: a multifatoriedade do autismo e seus tratamentos alternativos.

O curso de Biomedicina reavivou o interesse de Werner pela pesquisa

O curso de Biomedicina reavivou o interesse de Werner pela pesquisa

Durante os quatro anos de curso, Keske garante ter sido um aluno exemplar. “Prestava atenção a mil. Autista tem esta vantagem, é muito focado”, brinca. O bom desempenho, aliado à assiduidade, levaram-no a ser o melhor aluno da turma que se formou em fevereiro. E olha que a dedicação de Keske passou por um forte teste em 2018 quando ele teve que se afastar das aulas por conta da miastenia gravis, uma doença rara que causa enfraquecimento dos músculos e pode provocar dificuldades de engolir, respirar e de movimentar braços e pernas. Durante o período em que se tratava, Keske estudou em casa.

A nova doença fez com que Keske ampliasse os temas de pesquisa às quais vem se dedicando após a faculdade. Compreender a miastenia, suas causas e tratamentos, juntou-se aos estudos da microbiótica intestinal e das alergias, tópicos de interesse desde a graduação. Por enquanto, as pesquisas são levadas por conta própria, mas o novo biomédico não descarta fazer uma pós-graduação – muito provavelmente em imunologia.

Enquanto a vocação pesquisadora permanece forte, Keske não deixa de lado sua faceta empreendedora. Ele não esconde o desejo de unir dois de seus interesses: a informática e a biomedicina. Tanto que se diz à procura de inspiração para criar uma solução tecnológica inédita, capaz de colaborar com o trabalho dos profissionais da saúde, seja na pesquisa, tratamento ou diagnóstico. “Quero fazer algo pioneiro, revolucionário”, ambiciona. Alguém duvida?

Fotos: Arquivo pessoal/Facebook
Imprensa CRBM-5

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