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Toxicologia: à procura da dose perfeita

01-11-19 | Habilitações, Notícias

Você já deve ter ouvido que “a diferença entre o remédio e o veneno é a dose”. Pois essa é uma variação popular da frase “a dose faz o veneno” do cientista Paracelso (1493-1541). Seja qual for versão, as duas frases, de certa forma, resumem o conceito de toxicologia.

A toxicologia estuda a interação entre os compostos químicos e os seres vivos. Ao observar esta relação, procura identificar em qual situação e em que quantidade a substância química (seja ela natural ou sintética) começa a causar danos ao organismo. Isso permite verificar não só quais são os efeitos adversos provocados por esta substância como também estabelecer o uso seguro da mesma, além de desenvolver formas de prevenção e de tratamento de contaminações.

A toxicologia tem um carácter multidisciplinar, pois relaciona-se com diversas outras áreas tais como biologia, genética, fisiologia e farmacologia. Por isso, seu campo de atuação também é bastante facetado. Alguns exemplos de linhas de atuação são a toxicologia ambiental (que verifica o impacto de poluentes nos ecossistemas), a analítica ( que identifica fármacos ou drogas de abuso no sangue, saliva, cabelo e unhas, e auxilia no desenvolvimento de tratamentos e prevenções de intoxicações), a ocupacional (que avalia exposição dos trabalhadores a substâncias químicas) e a forense (que procura a presença de agentes tóxicos em uma investigação criminal).

A conselheira do CRBM-5 Marina Venzon Antunes conta sua experiência na área e apresenta outras possibilidades de atuação para o biomédico habilitado em toxicologia.

– Como está o mercado para o biomédico nesta área?

Marina Antunes – É um mercado promissor. A demanda pela realização de exames toxicológicos tem crescido nos últimos anos, como na realização de exames toxicológicos ocupacionais e ambientais, além das análises toxicológicas em matriz capilar, que permitem uma investigação retrospectiva do consumo de drogas devido a sua grande janela de detecção, auxiliando na distinção entre história de consumo social ou abuso de substâncias de forma crônica. No Brasil, o Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) prevê exame toxicológico realizado em cabelo para aferir o consumo de substâncias psicoativas usadas nos últimos 90 dias por motoristas profissionais.

– Quais características e habilidades o profissional deve ter para trabalhar nesta área?

MA – Assim como o profissional biomédico que atua em outras áreas, o biomédico toxicologista deve, entre outros, prezar pela ética profissional, ser organizado, proativo, manter-se constantemente atualizado, ter visão crítica, estar atento às inovações, ser questionador.

– Qual o papel da toxicologia na saúde?

MA – A toxicologia tem um papel importante na promoção da saúde. Posso citar duas áreas em que atuo: no monitoramento terapêutico de fármacos, buscando individualizar o tratamento e, com isto, diminuir os riscos associados a terapia farmacológica; e também nas análises toxicológicas ocupacionais, monitorando e minimizando o risco de toxicidade em trabalhadores expostos às mais diversas substancias químicas no seu ambiente de trabalho. Além destas, os estudos de toxicidade experimental são extremamente relevantes para levantar dados sobre potenciais riscos tóxicos de novas e já existentes substâncias.

– Por que o interesse pela toxicologia? O que te atraiu?

MA – Durante a graduação realizei cursos e participei de congressos na área, que me despertaram o interesse pela rotina do diagnóstico em análises toxicológicas. Tive oportunidade de ingressar na pesquisa como acadêmica voluntária, o que foi essencial para me aproximar e reconhecer-me na área. Enxerguei na toxicologia a oportunidade de atuar no monitoramento terapêutico de fármacos, auxiliando na personalização do tratamento farmacológico, buscando minimizar o risco de toxicidade ou mesmo de falha terapêutica em pacientes com as mais diversas patologias.  Profissionalmente, atuei como responsável técnica de laboratório prestador de serviços em análises toxicológicas na Feevale – universidade em que, atualmente sou professora e pesquisadora -, onde pude desenvolver habilidades relacionadas ao desenvolvimento e validação de métodos bioanalíticos. Esta é uma área de grande inovação tecnológica, desafiadora em que nos deparamos com alta tecnologia.

– Em que pesquisa você está trabalhando no momento?

MA – Atualmente, em conjunto com o Hospital Municipal de Novo Hamburgo, estamos realizando um estudo em que avaliamos o uso de substâncias psicoativas em vítimas de trauma, de forma a contribuir para o entendimento da realidade atual sobre o uso de álcool, drogas lícitas e ilícitas neste grupo de pacientes, levantando dados para fundamentar ações em saúde pública de prevenção primária e secundária, reduzindo a mortalidade, a morbidade e os custos desta doença.

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Imprensa CRBM-5

 

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